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      Comer por Dois!

 

    Uma boa nutrição ao longa da vida é bastante importante para o crescimento, desenvolvimento e mesmo para o envelhecimento do sujeito.

        A gravidez condiciona o ajustamento da alimentação pois, a grávida deve garantir o bom desenvolvimento do novo ser. Sendo que, uma  alimentação equilibrada é o elemento chave para assegurar o futuro da mãe e do bebé. Durante a gravidez, é importante controlar devidamente o aumento de peso para evitar complicações.

        É através da placenta que a mãe consegue alimentar o seu bebé. O primeiro trimestre de gravidez é o mais critico daí que, quando se trata de uma gravidez planeada exista uma menor probabilidade de o feto ter qualquer tipo de más formações. Estas más formações podem ser devidas a carências alimentares, álcool ou medicamentos mas, a mais frequente é devida à ingestão inadequada de folato levando assim a deficiências no tubo neural. Por exemplo, um aumento de peso insuficiente poderá causar má nutrição e, ao mesmo tempo, um aumento excessivo poderá dar origem a diabetes relacionada com a gravidez (diabetes gestacional) e/ou causar problemas durante o parto.

        O aumento de peso na grávida  é devido sobretudo ao próprio peso do feto mas também às partes do organismo que sustentam o desenvolvimento do feto, sendo que esta não é a altura para dietas ou restrições. Este aumento de peso é gradual, ou seja, no primeiro trimestre a grávida em média aumenta um a dois quilos e no segundo e terceiro trimestre aumenta, mais ou menos, quinhentas gramas por semana. Mas, é necessário realçar que uma grávida não deve ingerir por duas pessoas pois, a segunda pessoa é muito pequena e o aumento calórico deve ser de 150kcal/dia no primeiro trimestre e de mais de 300kcal/dia durante o restante tempo de gestação.

        Quando falamos de uma grávida obesa, esta poderá ter algum tipo de complicações gestacionais mas, não é de todo aconselhado a perda de peso. O seu aumento de peso no final da gravidez não deve ser superior a seis quilos, sendo necessário controlar as calorias ingeridas mas, nunca privando o bebé dos nutrientes essenciais.

        Também é necessário referir a gravidez na adolescência, sendo que os ganhos de peso podem ser levemente maiores. O aconselhado é ganharem um peso entre 12,5kg a 18kb. Este peso irá depender do peso pré-gravidez, como também, a idade ginecológica. É importante realçar que é necessário ter uma atenção redobrada às necessidades de cálcio, vitamina C e ferro.

        Em nascimentos múltiplos, a grávida deve obviamente ganhar mais peso, sendo que para gémeos deve rondar os 16 a 20,5kg e se se tratar de mais de três gémeos deverá existir um aumento de peso de 9kg por feto.

        Para saber se o seu peso está adequado no inicio da gravidez e se o ganho de peso está normal basta consultar o gráfico abaixo apresentado.

        Para cada idade gestacional em semanas ( a partir de 12 até 40 semanas) existe um determinado valor correspondente de ganho de peso; e nesse mesmo gráfico você pode saber se o aumento de peso é adequado.

        Existem outras formas de se determinar o peso ideal durante a gestação. As contribuições para o aumento de peso são originadas pelo seu próprio corpo (depósitos de gordura, aumento do volume de sangue, do útero, das mamas) e da placenta, do líquido amniótico e do feto.

        Os atrasos de crescimento podem manifestar-se a partir do sétimo mês quando o bebé é demasiado magro. O alarme é dado quando a altura uterina não aumenta ou o perímetro abdominal se mantém estável.  Quando se verifica um verdadeiro atraso no crescimento, o bebé não recebe todos os nutrientes necessários, originando assim duas situações possíveis:

                                                Atraso Moderado de Crescimento - recomenda-se repouso se se desconfia que a sua actividade excessiva está na base do problema. Caso se avalie restrição alimentar há que convencer a mãe a alimentar-se melhor e se existir hipertensão tem que ser combatida.

                                                Atraso Excessivo de Crescimento e Riscos da Criança Permanecer no Útero - poderá tomar-se a decisão de antecipar o nascimento.

        Um bebé magro corre riscos no final da gravidez pois existem carências de energia, alimentos e oxigénio, o que poderá levar a um conjunto de sintomas de fome a que se chama sofrimento fetal crónico, durante o parto pois um bebé magro não tem qualquer tipo de reservas estando mais sensível às dificuldades do parto como por exemplo a hipóxia (falta de oxigénio) passageira e, por último, após o nascimento pois a criança é bastante frágil. A sua pele é flácida e franzida. A baixa taxa de açúcar pode provocar pequenos tremores que terão de ser compensados. Sendo que estes bebés necessitam de recuperar o seu peso após o nascimento, não ficando geralmente sequelas ou anomalias embora, em alguns casos, sejam bebés mais susceptíveis a infecções.

        Quando se trata de um bebé gordo este poderá crescer muito rapidamente e nascer obviamente gordo. Quando existe predisposição para tal, a mãe e o médico obstetra deverão estar atentos para que a situação seja controlada.

        Em suma, gravidez saudável é sinónimo de cuidados com a saúde e principalmente com a alimentação. Muitas mulheres grávidas percebem as mudanças na pele, cabelos e no estado geral devido a mudanças de hábitos que deveriam ser feitos durante toda a vida. Quem acha que vai engordar durante o período gestacional e livrar-se facilmente do excesso de peso depois do parto está muito enganada. A história de que a grávida tem que comer por dois pode acabar por levar a grávida a ingerir o dobro das calorias e acumular muitos quilos de gordura extra em uma das fases mais críticas da sua vida. O controlo de peso na gravidez é muito importante e uma alimentação saudável é essencial para garantir uma boa nutrição para a mãe e para o feto. Apenas com um plano alimentar de acordo com as necessidades da mulher grávida é que é possível garantir a saúde da mãe e o bom desenvolvimento do bebé, além da manutenção do peso ideal ao longo da gestação.

 

Dra. Olga Correia

Psicóloga do Desenvolvimento e Educação

 

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