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HIPERACTIVIDADE

 

 

A hiperactividade ou, na designação cientifica actual, Transtorno de Hiperactividade e Défice de Atenção (THDA) é não só um dos aspectos mais estudados, como também um dos mais controversos distúrbios de desenvolvimento da infância (Shajwitz e Shajwitz, 1992 referidos  por  Lopes, 2003).

Na actualidade este transtorno atinge cerca de 3% a 6% de crianças de todo o mundo  (Fabrício, 2004), estimando-se que 3% a 5% das crianças Portuguesas em idade escolar sejam portadoras de THDA (Lima, 2004). É um facto que, de entre as perturbações neurocomportamentas que mais frequentemente surgem na idade escolar, encontra-se a hiperactividade (Fernandes, 2004).

O Transtorno de Hiperactividade com Défice de Atenção – THDA – era anteriormente conhecido por perturbação de deficiência de atenção ou disfunção cerebral mínima (Schweizer e Prekop, 2001 referido por Candeias et al 2005), tendo, no entanto, sido utilizados outros termos para descrever esta sindrome comportamental, nomeadamente perturbação hipercinética, lesões cerebrais mínimas, disfunções cerebrais mínimas e síndrome psico-orgânica da criança (Novartis, 2004). As primeiras descrições dos sintomas, algo semelhantes aos que constituem o conceito actual de Transtorno de Défice de Atenção/ Hiperactividade, encontravam-se já em estudos do final do século XIX na Europa (Fonseca, 1998 referido por Candeias et al, 2005)

Actualmente a hiperactividade é designada de Transtorno Hiperactivo e de Défice de Atenção (THDA) e, nos últimos anos, a sua importância tem sido cada vez mais reconhecida no campo educacional, uma vez que se chegou à conclusão que esta pode estar directamente relacionada com o baixo rendimento escolar, com um elevado índice de repetências e com sérios problemas de aprendizagem (Silver, 1990 referido por Lopes, 2003).

 

Definição:

Uma  deste definição deste problema é a de Rohde e Benczik (1999). Para estes autores o Distúrbio de Hiperactividade e Défice de Atenção é:

“Um problema de saúde mental que tem três características básicas: a desatenção, a agitação e a impulsividade. Este transtorno tem um grande impacto na vida da criança ou do adolescente e das pessoas com as quais convive (pais, professores, amigos). Pode levar a problemas emocionais, de relacionamento familiar e social, bem como a um baixo desempenho escolar. Muitas vezes é acompanhado por outros problemas de saúde mental” (Rohde e Benczik, 1999:37)

 

Assim, o foco do THDA é a desatenção e hiperactividade/impulsividade. Rohde e Benczik (1999) e referem a existência de três tipos de THDA:

             a) THDA com predomínio de sintomas de Desatenção:

“As crianças que apresentam este tipo de THDA têm muitos sintomas de Desatenção e não apresentam ou tem poucos sintomas de Hiperactividade/Impulsividade. Este tipo parece ser mais  comum em meninas e estar associado a maiores dificuldades de aprendizagem” (Rohde e Benczik, 1999:44)

 

             b) THDA com predomínio de sintomas de  Hiperactividade/Impulsividade:

“ As crianças que apresentam este tipo de THDA têm, ao contrário, muitos sintomas de Hiperactividade/Impulsividade e não apresentam ou têm poucos sintomas de desatenção. Este tipo parece ser mais comum em crianças menores e estar associado a maiores dificuldades de relacionamento com os amigos e colegas e a mais problemas de comportamento” ( Rohde e Benczik, 1999:44)

c)       THDA combinado:

“ As crianças que apresentam este tipo de THDA tem, ao mesmo tempo, muitos sintomas de Desatenção e de Hiperactividade/Impulsividade. Este tipo parece estar associado a prejuízos globais maiores na vida da criança” (Rohde e Benczik, 1999:45).

 

Características do THDA:

A maior parte dos autores estão de acordo em considerar a actividade motora excessiva, o nível baixo de atenção e a impulsividade (falta de controle) como as características que melhor definem a criança com THDA.

1.       Actividade Motora Excessiva:

Crianças com este problema tendem a apresentar níveis de actividade motora e de agitação maiores do que crianças sem o problema e demostram dificuldades particularmente quando lhes é exigida a manutenção da atenção e controlo dos impulsos, por exemplo na sala de aula ou à mesa durante as refeições.

2.        Défices de Atenção:

A investigação sugere que as crianças com THDA revelam maiores dificuldades em manter a atenção em tarefas que exigem a sua manutenção prolongada (Douglas, 1983, referido por Lopes, 2000). Isto acontece particularmente nas tarefas escolares, pois muitas vezes apresentam distractibilidade e, como consequência o trabalho incompleto, o comportamento fora da tarefa e a mudança rápida para outra actividade.

3.        Impulsividade:

A criança hiperactiva frequentemente reage impulsivamente antes de considerar as  alternativas ou ponderar as consequências do seu comportamento, isto é evidente na forma como a criança sente mais dificuldades do que as crianças da sua idade em esperar a sua vez nos jogos ou nas interacções de grupo. Por exemplo a criança pode frequentemente  perturbar o grupo não respondendo na sua vez, ou chamar alguém na sala de aula. Da mesma forma a criança pode ter tendência a deslocar-se excessivamente de uma actividade para outra como consequência do fracasso em inibir as respostas aos estímulos. Isto pode contribuir para as dificuldades em organizar o trabalho escolar e o trabalho de casa (Chaves, 1999:26)

Causas:

As causas do THDA são ainda hoje largamente desconhecidas, no entanto sabe-se que é impossível encontrar um único factor que por si só dê origem ao problema. Para Garcia(2001) existem múltiplos factores que interagem:

-         Factores neurológicos (lesões cerebrais, alterações nos neurotransmissores...)

-         Hereditariedade

-         Problemas durante a gravidez e o parto ( parto prematuro...)

-         Exposição a determinadas substancias ( álcool, drogas, aditivos alimentares...)

-         Problemas familiares (Famílias disfuncionais podem agravar os sintomas, mas não são a causa directa.)

 

O THDA face a outras Problemáticas:

Uma conceptualização da hiperactividade que não preste a devida atenção aos problemas que com ela andam associados pode conduzir a uma imagem distorcida ou incompleta deste distúrbio, levando os adultos (pais e professores) a um desinteresse pelos outros problemas (dificuldades de aprendizagem, distúrbios de oposição, etc.), podendo consequentemente, privar a criança de uma intervenção mais adequada, à multiplicidade dos seus problemas (Fernandes, 1998, referido por Candeias, 2005).

Assim os problemas que mais frequentemente surgem associados ao THDA são:

1.        Problemas de comportamento (comportamentos anti-sociais)

2.        Dificuldades de aprendizagem ( insucesso escolar, abandono precoce da escola...)

3.        Problemas emocionais (ansiedade e depressão, são as mais frequentes)

 

Diagnóstico:

O diagnóstico desta perturbação é fundamentalmente clínico e baseado nos sintomas do THDA

-         Existe um conjunto de critérios estipulados pelo DSM-IV

-         Este deve ser combinado com o estudo clínico da criança

-         Com a avaliação do seu nível intelectual e rendimento académico

-         Avaliação das condições sociais e familiares

-         Entrevistas à família e professores

-         Existem algumas provas disponíveis em Portugal tais como: Escalas de Conneres para Pais e Professores Revistas;  e as escalas de Goodman

-         Existem ainda outras de grande valia, mas que ainda não estão aferidas para Portugal, como é o caso da: - Home Situations Questionaire – School Situation Questionaire – e ainda uma escala brasileira já em processo de aferição para a nossa população: - A Escala de Défice de Atenção e Hiperactividade de Benczic 2000.

É necessário referir que este diagnóstico só pode ser realizado por um profissional de saúde mental, médico ou psicólogo, isto porque:

“ para o diagnóstico de THDA, é fundamental que os sintomas sejam mal-adaptativos e inconsistentes com o nível de desenvolvimento esperado para a idade da criança ou do adolescente. Portanto, é de extrema relevância o conhecimento profundo do desenvolvimento normal da criança e do adolescente, para a diferenciação entre o normal e o patológico” (Rohde e Benczik, 1999:50)

 

 

Dra. Florbela Freire

Psicóloga do Desenvolvimento e Educação

 

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